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sexta-feira, 24 de março de 2017

Transformação



            Quando me sento ao sol, sentindo a plenitude da vida e a força dos elementos na sua manutenção, percebo uma pressão incômoda interior que vem de pequenos pedaços de mim, latentes, gritando por manifestação.

            Esta pressão incômoda tem a força da semente no momento de eclodir. Uma força que rompe, apesar das barreiras... Barreiras colocadas pelo medo imaginário de ser e de não ser aceita, de ter de ser da forma que não se é para atender ao externo, barreiras colocadas no mundo infantil dos “não”, dos “você está fazendo tudo errado”, “você é burro”, “olhe como o fulano se sai melhor que você”. Sons estranhos que ecoam nos ouvidos adultos e que machucam ainda a criança interior, impedindo-a de crescer em plenitude.

            Mas, o sol pleno na manhã azul dá o exemplo. Plenitude, plenitude.... E a pressão das sementes não eclodidas e cultivadas chega em seu ponto máximo de tensão para manifestar-se. Mas, antes é preciso curar esta criança ferida e desacreditada de si mesma.

            Tenho que passar a vida a limpo. Fecho os olhos e imagino esta criança que vem a meu encontro. E, no vir, já lhe falo de sua beleza, de sua força, de sua inteligência, de sua graça, e a trago num grande abraço amoroso. Eu e minha criança.... Tenho de sussurrar-lhe, fazê-la dormir, cantando uma canção que lhe fala da beleza de expressar a sua alma, da sua adequação, de sua luz, de sua divindade, até que ela volte a acreditar em tudo isto. Amorosamente, pacientemente, curando as feridas, tentando abrir as portas de prisões imaginárias, de ecos de medo, embalando a criança docemente, docemente....

            Não sei se é tarde para florescer agora, mas na luz do sol brilhante que representa a plenitude da vida, tudo parece possível. Sinto também a força da terra sustentando esta transformação como faz com todas as sementes. A força da água que limpa e desvencilha os ramos das margens para empurrar-me para seguir. O ar, com seu movimento suave, parece dizer caminhe sem medo, suavemente, sendo apenas você.... Toda a força então se manifesta e brota como pequenos pedaços de esperança de um novo eu.

            Um novo eu, que pode manifestar a grandeza de sua alma, pode livrar-se da pequenez das neuroses, dos apegos, das ganâncias, da falta de autoamor e começa a conhecer a paz, a alegria, a sorte, o amor e tudo que é pleno em sua natureza humana-divina, parte da maravilha da Criação.

            E, uma onda de gratidão vem em meu coração, dirigida a meus mestres de Kundalini Yoga, que me ensinaram a tecnologia para fazer esta transformação amorosamente, pacientemente. E, além, me deram o legado de poder servir às outras pessoas, ensinando-lhes esta possibilidade de transformação. SAT NAM

sábado, 18 de março de 2017

Equinócio de Outono: tempo de recolhimento e descoberta interior


Por Lais Guru Suroop Kaur
           
 Vivemos tão desconectados da Natureza que não nos preparamos para uma nova estação. Continuamos a mesma velha rotina, os mesmos hábitos, a mesma alimentação, quer estejamos no calor do verão, ou no tépido frio de nosso inverno.

Apesar de vivermos num país tropical, onde as diferenças das estações não são muito pronunciadas, temos que reconhecer que algo sempre muda.

Estamos agora nos aproximando do Equinócio do Outono, a porta de entrada para a nova estação. A energia muda, as condições do tempo mudam e, assim como fazemos rituais para comemorar a Lua Cheia com práticas meditativas, também temos que colocar nossa atenção no que o outono nos traz para aproveitar o melhor da estação, mantendo o melhor para a nossa saúde. Não há como negar que as mudanças de estações têm uma profunda influência em nossa saúde.

No outono, o ar começa a se mover numa brisa mais fresca que, aos poucos, vai se tornando mais fria. Também, “as águas de março que fecham o verão” darão lugar a um tempo mais seco. Leve, frio, seco, errático, móvel são as qualidades predominantes no outono.

Na linguagem do Ayurveda, dizemos que estamos num tempo Vata, biotipo que é representado pelas qualidades acima que vêm dos elementos ar e éter.

A mudança de temperatura e a secura do ar podem trazer os resfriados, gripes, tão comuns nessa época, assim como pele seca, constipação e pensamentos erráticos que podem se traduzir em ansiedade, insônia e medo.

Para manter o equilíbrio, a sabedoria ayurvédica nos ensina contrapor hábitos e alimentação a essas qualidades que estão muito presentes nesse momento.

Para evitar a secura desse período, massagear o corpo inteiro com óleo de gergelim morno, deixar por 10 minutos e depois enxaguar o corpo com água quente, de preferência sem usar o sabonete nesse banho. Isso ajuda a diminuir a secura, a prevenir problemas articulares e músculos contraídos. Passar também um pouco do óleo de gergelim por dentro das fossas nasais, utilizando o dedo indicador,  ajudará a evitar a secura desse epitélio.

Para se contrapor ao frio e à tendência a digestão mais irregular, priorizar alimentos quentes e cozidos. Os sabores que equilibram vata são: doce (não se refere a alimentos com açúcar), ácido e salgado. Os que desequilibram, principalmente por suas qualidades secantes e frias, que devem ser restringidos, são: amargo, picante e adstringente.  Alimentos como o kicharee são excelentes opções para o almoço de um dia mais frio, variando os vegetais agregados e, no jantar, preferir os legumes no vapor e as sopas. Comer menos saladas cruas.

O chá Yogi é uma excelente bebida para o outono!

Como Vata é móvel, mas errático, nossa mente poderá estar fervilhando com mil pensamentos que poderão levar à ansiedade e insônia. Outono e inverno são períodos onde devemos estar mais dentro de nós mesmos, um tempo para introspecção, para um maior conhecimento de nosso próprio ser. Reserve mais tempo para desfrutar do silêncio e mantenha uma prática meditativa consistente.




Nos dias mais frios, mantenha o corpo aquecido e aqueça-se também com o convívio dos amigos, com o aconchego de seus ambientes.

A prática de yoga é excelente em todas as estações e, no outono/inverno, procure fazer os exercícios num ritmo mais lento para se contrapor à mobilidade de Vata e dê uma especial atenção à respiração, já que Vata se relaciona com os pulmões e também com o Sistema Nervoso. Práticas excelentes são: Surya Namaskara, posturas de torção que estimulam o funcionamento do intestino, postura de eliminação de gases, Vaca-gato, Shavásana para aterrar e relaxar, respiração longa e profunda, respiração com alternância de narinas.

Em Kundalini Yoga, o Manual Kundalini Yoga para Juventude e Alegria traz muitos kriyas para o Sistema Nervoso que são excelentes para essa estação. Qualquer meditação é recomendada para esse período, mas Shabad Kriya é especial porque pode ajudar a combater a insônia que pode ser comum nesse período Vata. A Respiração do Dez é uma excelente prática para manter forte nosso sistema imunitário.

Vata em equilíbrio traz criatividade, alegria, conexão com nossos sentimentos, entusiasmo pela vida. Vamos expandir essas qualidades equilibradas, aproveitando para aprender a cuidar de nós com todo carinho nesse outono.

  A seguir algumas receitas  nutridoras para essa estação:

Amaranto quente para o Café da Manhã (outono)

Ingredientes:
- 1 xícara de amaranto seco 
- 2 ½ xícaras de água
-  ¼ xícara de uvas passas
Guarnição: coco ralado
Preparação:
            Deixe a água ferver numa pequena panela, misture nela o amaranto e as uvas passas. Reduza o fogo e cubra.


Banquete do Yogi Bhajan (Kicharee)
 (tridosha e principal prato na dieta de desintoxicação)

Ingredientes:

- 1 xícara de feijão moyashi lavado
- 1 xícara de arroz basmati
- 5 xícaras de água
- 1 cenoura cortada em pedaços pequenos
- 1 abobrinha cortada em pedaços pequenos
- ½ xícara de azeite
- 2 colher de chá de cúrcuma
- ½ colher chá pimenta Cayena
- 1 colher (chá) de sementes de cominho
- 1 cebola picada
- 2-3 talos de salsão picados
- 1 colher chá pimenta do reino moída na hora
- 1 colher chá de coentro em pó.
- 4 dentes de alho.
- 1 colher sopa de gengibre picado bem fininho
Preparação
            - Coloque numa panela o feijão e a água para ferver.  
            - Quando os feijões estiverem quase cozidos, acrescente o arroz. Se precisar, acrescente mais água quente até o arroz cozinhar. 
            - Acrescente os vegetais, diminua a chama e cozinhe até que estejam tenros. A consistência final é de uma comida bem cozida.
            À parte, numa frigideira, coloque o azeite ou o ghee, agregue a cebola, o alho, o gengibre e a cúrcuma. Depois de fritar um pouco, acrescente os outros condimentos. Desligue o fogo e reserve. Acrescente um pouco de sal.
            Quando o cozido de arroz, feijão e vegetais estiver pronto, misturar na panela o conteúdo da frigideira.
            Guarneça com salsinha ou coentro fresco picado.

Sopa de Mandioquinha Salsa

Ingredientes:
- 7 mandioquinhas salsas

- 2 colheres (sopa) manjericão picado
- ½ xícara de alho-poró
- 1 cebola finamente picada
- 1 colher (chá) de cúrcuma
- !/2 colher (chá) de cominho em pó
- 2 colheres sopa de óleo de girassol ou azeite
- água filtrada

Preparação
            Lave e descasque as mandioquinhas. Corte em rodelas grandes e reserve.
            Coloque uma panela no fogo, acrescente o azeite, deixe esquentar e coloque a cúrcuma em pó, a cebola e o alho-poró e deixe refogar um pouco até a cebola dourar.
            Acrescente a mandioquinha, a água e o sal e deixe ferver até cozinhar a mandioquinha.
            Deixe esfriar. Depois de frio, bata no liquidificador, acrescente o manjericão, até virar um creme. Volte ao fogo para esquentar um pouco e sirva.