As
técnicas de meditação são atualmente usadas no âmbito hospitalar, e sua
eficácia clínica foi estabelecida em alguns campos aplicativos, em particular
no caso da depressão e da dor crônica. O psicólogo cognitivo Zindel Segal e
seus colegas do Centro de Dependência e Saúde Mental de Toronto, no Canadá,
acompanharam 84 pacientes que sofriam de depressão e haviam tomado
antidepressivos até a remissão dos sintomas. No final desta primeira fase, um
terço dos pacientes continuou o tratamento antidepressivo, um terço recebeu
placebo e o restante participou de sessões de terapia baseada na meditação de
plena consciência.
Um ano e meio
depois, 30% dos pacientes que se dedicaram à meditação de plena consciência
voltaram a sofrer de depressão – um número equivalente ao das pessoas do grupo
tratado com antidepressivos, enquanto a proporção atingia 70% dentre os que
haviam tomado o placebo. Os pesquisadores concluíram que a prática da plena
consciência pode ser tão eficaz quanto os antidepressivos para evitar uma
recaída. Os efeitos positivos da meditação para a saúde se baseiam em uma
modificação da atividade cerebral.
O caso da dor
crônica foi estudado em particular pelo neurocientista Fadel Zeidan e por seus
colegas da Universidade da Carolina do Norte. A equipe do pesquisador avaliou a
atividade cerebral dos praticantes que receberam estímulos dolorosos. Nestas
pessoas a intensidade percebida da dor havia diminuído em 40% e a sensação de
desconforto (que se refere à maneira como a pessoa vive a experiência) em 57%,
em relação aos participantes do grupo de controle. Essa diminuição da
intensidade dolorosa está associada ao aumento da atividade do córtex anterior
do cíngulo e à baixa atividade da ínsula anterior, regiões que participam da
regulação cognitiva da dor, influindo na percepção. Além disso, uma ativação do
córtex orbitofrontal permite considerar a dor “menos desagradável”.
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