Quando me sento ao sol, sentindo a
plenitude da vida e a força dos elementos na sua manutenção, percebo uma
pressão incômoda interior que vem de pequenos pedaços de mim, latentes,
gritando por manifestação.
Esta pressão incômoda tem a força da
semente no momento de eclodir. Uma força que rompe, apesar das barreiras...
Barreiras colocadas pelo medo imaginário de ser e de não ser aceita, de ter de
ser da forma que não se é para atender ao externo, barreiras colocadas no mundo
infantil dos “não”, dos “você está fazendo tudo errado”, “você é burro”, “olhe
como o fulano se sai melhor que você”. Sons estranhos que ecoam nos ouvidos
adultos e que machucam ainda a criança interior, impedindo-a de crescer em
plenitude.
Mas, o sol pleno na manhã azul dá o
exemplo. Plenitude, plenitude.... E a pressão das sementes não eclodidas e
cultivadas chega em seu ponto máximo de tensão para manifestar-se. Mas, antes é
preciso curar esta criança ferida e desacreditada de si mesma.
Tenho que passar a vida a limpo.
Fecho os olhos e imagino esta criança que vem a meu encontro. E, no vir, já lhe
falo de sua beleza, de sua força, de sua inteligência, de sua graça, e a trago
num grande abraço amoroso. Eu e minha criança.... Tenho de sussurrar-lhe, fazê-la
dormir, cantando uma canção que lhe fala da beleza de expressar a sua alma, da
sua adequação, de sua luz, de sua divindade, até que ela volte a acreditar em
tudo isto. Amorosamente, pacientemente, curando as feridas, tentando abrir as
portas de prisões imaginárias, de ecos de medo, embalando a criança docemente,
docemente....
Não sei se é tarde para florescer
agora, mas na luz do sol brilhante que representa a plenitude da vida, tudo
parece possível. Sinto também a força da terra sustentando esta transformação
como faz com todas as sementes. A força da água que limpa e desvencilha os
ramos das margens para empurrar-me para seguir. O ar, com seu movimento suave,
parece dizer caminhe sem medo, suavemente, sendo apenas você.... Toda a força
então se manifesta e brota como pequenos pedaços de esperança de um novo eu.
Um novo eu, que pode manifestar a
grandeza de sua alma, pode livrar-se da pequenez das neuroses, dos apegos, das
ganâncias, da falta de autoamor e começa a conhecer a paz, a alegria, a sorte,
o amor e tudo que é pleno em sua natureza humana-divina, parte da maravilha da
Criação.
E, uma onda de gratidão vem em meu
coração, dirigida a meus mestres de Kundalini Yoga, que me ensinaram a
tecnologia para fazer esta transformação amorosamente, pacientemente. E, além,
me deram o legado de poder servir às outras pessoas, ensinando-lhes esta
possibilidade de transformação. SAT NAM
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